Eletrificação rumo à sustentabilidade
Eletrificação rumo à sustentabilidade: tendências para o setor elétrico brasileiro em 2023 Nesse cenário em transformação, diversas empresas brasileiras estão avançando consideravelmente em seus esforços para reduzir as emissões de carbono
Nesse cenário em transformação, diversas empresas brasileiras estão avançando consideravelmente em seus esforços para reduzir as emissões de carbono.
O Brasil tem conquistado uma posição única no setor elétrico global, principalmente em sua busca pela modernização e transição para fontes de energia renovável. Nos últimos anos, o país avançou significativamente na adoção e integração de tecnologias avançadas em sua infraestrutura energética. Esse compromisso reflete o reconhecimento do papel crucial que o setor de energia desempenha na sustentabilidade ambiental e na mitigação das mudanças climáticas. Além disso, a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa nunca foi tão urgente.
Um número crescente de empresas, tanto grandes quanto pequenas, tem se comprometido publicamente a descarbonizar suas atividades. Esses compromissos são uma resposta ao apelo global pela sustentabilidade, bem como um testemunho da crescente conscientização sobre o papel fundamental que as empresas podem desempenhar no enfrentamento da crise ambiental. O movimento global para reduzir as emissões de gases de efeito estufa está ganhando força, e o Brasil está preparado para estar na vanguarda desse esforço. A eletricidade, quando gerada a partir de fontes limpas e renováveis, pode ser uma aliada importante nesse sentido. Ao fazer a transição para uma infraestrutura energética mais sustentável, não apenas diminuímos nossa dependência de combustíveis fósseis, mas também reduzimos significativamente nossas emissões de gases de efeito estufa. Empresas em todo o mundo já assumiram compromissos significativos com a sustentabilidade, reduzindo suas pegadas de carbono e fazendo a transição para práticas mais sustentáveis. Elas são exemplos para outras empresas, demonstrando que é possível alinhar objetivos estratégicos com a sustentabilidade e a prosperidade.
Essas empresas estão estabelecendo o precedente para uma nova era de responsabilidade corporativa, na qual as empresas desempenham um papel ativo no enfrentamento dos desafios globais. Nesse cenário em transformação, diversas empresas brasileiras estão avançando consideravelmente em seus esforços para reduzir as emissões de carbono. Elas estabeleceram metas ambiciosas, não apenas para atender aos padrões globais estabelecidos pelo Acordo de Paris, mas também para contribuir para a transição do país para um setor de energia mais sustentável e limpo. Um exemplo é a Ambev, que anunciou um plano para zerar suas emissões de carbono em toda a sua cadeia de valor até 2040, uma meta ambiciosa considerando que a maioria das empresas está mirando 2050, alinhada ao Acordo de Paris. O plano da empresa é baseado em três pilares: envolvimento do ecossistema de parceiros, soluções baseadas na natureza e foco no impacto local. Todas essas ações estão alinhadas à Science Based Target Initiative (SBTi), principal padrão usado pelo mercado para buscar o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius até 2050. Outro exemplo é a Suzano, que revisou um de seus compromissos de longo prazo e agora tem como objetivo remover 40 milhões de toneladas de carbono da atmosfera até 2025, cinco anos antes do objetivo inicialmente proposto. Essa aceleração é apoiada pela expansão da cobertura vegetal por meio de plantações comerciais e áreas de conservação em locais anteriormente degradados. A Suzano também continua fazendo esforços efetivos para reduzir as emissões em suas próprias operações e em sua cadeia de suprimentos, aprimorando seu manejo florestal para evitar perdas, maximizar a produtividade e aumentar a remoção de carbono.
Por fim, a BRF se comprometeu a se tornar neutra em emissões de gases de efeito estufa até 2040, tanto em suas operações quanto em sua cadeia de produção. A BRF planeja implementar ações para reduzir 35% das emissões diretas de suas operações e 12,3% das emissões indiretas que não pertencem à empresa até 2030, e neutralizar as emissões residuais até 2040. A BRF também aderiu à iniciativa Science Based Targets para ação climática corporativa, comprometendo-se a estabelecer metas de curto prazo alinhadas à campanha de Ambição 1,5°C. Olhando do ponto de vista das operações das indústrias, à medida que o Brasil se engaja na revolução do 5G, o país se prepara para uma transformação digital sem precedentes com implicações promissoras para a transição energética em suas indústrias. O 5G tem potencial e capacidade de fomentar sistemas de produção mais eficientes e flexíveis, melhorando tangivelmente a qualidade de vida das pessoas. A indústria brasileira tem avançado em automação e digitalização, e setores como o agronegócio, energia e aeronáutica já competem no cenário global. No entanto, a heterogeneidade do país demanda uma adoção mais ampla de processos intensivos em tecnologia para maximizar o valor e as oportunidades de emprego.
Devido a características específicas, como baixa latência, capacidade substancial de dados e conexão de milhões de dispositivos por quilômetro quadrado, o 5G irá atuar como um transformador de infraestrutura. Essa tecnologia irá reconfigurar as operações industriais, promover eficiência e impulsionar o surgimento de fábricas mais autônomas, redefinindo o setor manufatureiro. À medida que o 5G inaugura uma era de maior digitalização, ele também facilita a transição energética. Com a geração de energia se tornando cada vez mais descentralizada e diversificada, os processos digitais se tornam fundamentais na gestão eficaz da energia. Isso é especialmente significativo à medida que a eletromobilidade aumenta, causando um aumento substancial no consumo de energia. Conectando os dois últimos tópicos, a liberalização do setor elétrico, especialmente a expansão do mercado livre de energia para todos os consumidores, é um componente crucial de nossa jornada rumo à sustentabilidade. Na conferência COP 27 do ano passado, houve um consenso claro sobre a importância dos mercados livres na promoção da adoção de energia renovável. A próxima COP 28 tem a expectativa de solidificar ainda mais esses compromissos. O acesso a um mercado livre de energia traz inúmeros benefícios aos consumidores. Ele incentiva a concorrência, promove a inovação e permite que os consumidores façam escolhas mais sustentáveis.
As experiências de países como Reino Unido e Portugal demonstram o potencial da liberalização do mercado de energia, mostrando que, com um planejamento cuidadoso e regulação adequada, a transição para um mercado livre pode ser alcançada sem comprometer a confiabilidade ou a acessibilidade. Olhando para o futuro, a segunda metade de 2023 promete ser um momento empolgante para o setor elétrico brasileiro. O compromisso contínuo com a modernização, o aumento da adoção de energias renováveis e a liberalização progressiva do mercado de energia são indicadores claros das mudanças positivas que estão por vir. Embora desafios certamente estejam à nossa frente, o progresso realizado até agora nos dá motivos para sermos otimistas. Se continuarmos nesse caminho, podemos vislumbrar um futuro em que o Brasil não apenas lidere o movimento global de sustentabilidade, mas também sirva de modelo para outros países. Por meio de esforço coletivo e determinação, podemos construir um setor elétrico moderno, eficiente e, acima de tudo, sustentável.
Fonte: Canal Energia / CláudioRibeiro é CEO da 2WEcobank (canalenergia.com.br)