Como o Brasil pode globalizar a conta de energia

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Há uma oportunidade muito grande de expandir a indústria brasileira por meio da energia renovável, com um diferencial competitivo global que poucos países possuem em abundância, como o Brasil

Nas últimas semanas, temos ouvido nossos políticos falarem muito sobre o incentivo à expansão e evolução das fontes renováveis de energia. Embora esse assunto não seja nada recente, algumas características desse tipo de energia podem explicar o interesse do governo em encorajar essas práticas.

Uma delas é a diversidade energética. Um país com numerosas fontes diferentes dificilmente terá apagões e corre menos riscos de entrar em crises energéticas. Longos períodos de estiagem, que sempre ameaçam a segurança energética do Brasil – um país que depende fortemente da energia hidrelétrica – seria um problema bem menor se pudéssemos contar com fontes solares, eólicas e de biogás, entre outras.

O biogás, inclusive, é uma excelente saída para grandes centros urbanos, que produzem muito lixo. Estima-se que cada shopping center produza, em média, duas toneladas de lixo por dia, sendo que metade desse montante é de lixo orgânico, ou seja, não reciclável. Temos hoje no Brasil aproximadamente 550 shopping centers, 54 só na cidade de São Paulo. Se uma tonelada de resíduo orgânico gera em média 250 m³ de biogás, ou cerca de 1,0 MWh por dia, cada shopping conseguiria produzir energia suficiente para abastecer mais de 140 residências.

O Brasil, com sua abundância de recursos naturais, soube aproveitar o crescimento das fontes de energia renováveis, principalmente o etanol e bioetanol, que vêm da biomassa da cana-de-açúcar, a solar fotovoltaica, cujas placas e módulos estão cada vez mais acessíveis, e a eólica, com planos ambiciosos de criar grandes campos offshore de captação de ventos no Nordeste brasileiro.

Este, acreditem, já é o presente da energia brasileira. Para o futuro, precisamos olhar para o hidrogênio verde (ou seja, o hidrogênio produzido a partir de energias renováveis) e a exportação de energia sustentável. Essa exportação, no entanto, não envolve apenas sistemas intercontinentais de transmissão ou a exportação de itens como conhecemos hoje. Nós podemos usar a nossa energia renovável para produzir produtos e bens de consumo que precisam de muita energia para serem produzidos, como o próprio Hidrogênio Verde.

Nossas energias renováveis transformam o Brasil em um grande atrativo para a criação de matérias-primas e produtos industrializados que precisam de um alto volume de energia, como a metalurgia e produtos dos mais diversos, incluindo alimentos, borracha, plástico, químicos, papel e celulose, têxteis e metais. Praticamente tudo o que usamos no dia a dia que não seja artesanal.

Há uma oportunidade muito grande de expandir a indústria brasileira por meio da energia renovável, com um diferencial competitivo global que poucos países possuem em abundância, como o Brasil. Isso fica ainda mais evidente hoje em dia, enquanto lidamos com guerras que causam desabastecimento de energia, com mudanças climáticas que causas desastres naturais constantes, e com pandemias que impedem o trânsito de pessoas e de componentes de toda espécie.

Não podemos esquecer da eletrificação de nossas rotinas, que aumentam o nosso uso e a nossa necessidade de energia elétrica. A implantação e o uso em escala das novas tecnologias, como 5G e carros elétricos, devem pressionar para o aumento do consumo desses produtos melhores e/ou mais sustentáveis e, por consequência, o aumento per capita do consumo de energia – e se esta energia toda for renovável, deixaremos um planeta melhor para as próximas gerações.

Desta forma, fica a reflexão: como o Brasil consegue ajudar a Europa, que é muito dependente de combustíveis fósseis, a reduzir suas emissões? Como conseguimos globalizar a conta de energia de uma forma mais justa e sustentável? Trazendo a industrialização para o Brasil. Somando nosso potencial para gerar energias limpas e para desenvolver a nossa indústria com o know-how e os produtos “gringos”, trazendo benefícios para os países e para o planeta.

Fonte: Canal Energia.

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